O controle de percevejos sugadores na cultura de soja se inicia no estádio R3, ou seja, logo após a formação dos "canivetinhos", que são os primórdios do desenvolvimento das vagens. Porém, o manejo de percevejos na cultura deve começar com as estratégias empregadas para o controle de pragas iniciais e de lagartas desfolhadoras.
Nos estádios da soja que apresentam suscetibilidade ao ataque dos percevejos (após R3), o controle deve ser realizado quando houver dois percevejos por metro de fileira de plantas, para lavouras de grãos, e um percevejo por metro de fileira, para lavouras destinadas a sementes.
Para isso, os percevejos devem ser monitorados através de amostragens utilizando o pano-de-batida. Essa vistoria na lavoura deve ser executada, no mínimo, uma vez por semana, a partir do início do desenvolvimento de vagens (fase de “canivetinho”), até a maturação fisiológica (R7), em diferentes pontos da lavoura. É necessário intensificar as amostragens nas bordaduras, onde os insetos normalmente iniciam a colonização da soja. Nas amostragens, é importante identificar as formas jovens dos percevejos (ninfas), as quais, a partir do terceiro ínstar, devem ser registradas junto com os adultos.
A simples observação visual das plantas de soja não expressa a real população de percevejos que pode estar ocorrendo na área. Em geral, cultivares precoces escapam dos danos dos percevejos. Porém, quando se multiplicam nessas cultivares, acabam se dispersando para as cultivares de ciclo médio e mais tardio, onde podem causar os maiores prejuízos. A época de semeadura influencia a dinâmica populacional dos percevejos, devendo-se evitar os plantios muito tardios, onde ocorrem as maiores concentrações desses insetos.
No período da colonização, quando as populações de percevejos estão concentradas nas bordas da lavoura, o controle pode ser efetuado somente nessas áreas marginais, evitando-se a dispersão dos insetos para toda a lavoura. Vários inseticidas são recomendados pela Comissão de Entomologia da Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil (RPSRCB) para o controle dos percevejos.
Eventualmente, durante os meses de outubro e novembro, podem ser constatadas altas populações de percevejos fitófagos na fase vegetativa da soja, mas não causam danos significativos à cultura, não havendo, portanto, necessidade de controle do percevejo.
Em lavouras de soja muito adensadas, os inseticidas aplicados em pulverização podem não atingir os percevejos devido ao fenômeno conhecido como "efeito guarda-chuva". Nestas condições, o uso do sal de cozinha (NaCl), na concentração de 0,5% na calda inseticida (500 g para cada 100 L de água), pode incrementar a mortalidade dos percevejos em pelo menos 25%, quando comparado a áreas onde não é feita aplicação com o sal.
Várias espécies de parasitóides são normalmente encontradas nas lavouras de soja, atuando sobre as populações dos percevejos fitófagos. Dentre os parasitóides de ovos destacam-se as espécies Trissolcus basalis , que ocorre no Estado do Paraná e Telenomus podisi que apresenta predominância na região Centro-Oeste do Brasil. A espécie Hexacladia smithii é um parasitóide de adultos dos percevejos, sendo já constatado nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Entretanto, a sensibilidade desses insetos benéficos aos inseticidas é alta, sendo muitas vezes totalmente dizimados das lavouras, quando se aplicam produtos de amplo espectro.