Os adultos do percevejo-castanho apresentam tamanhos médios entre 4 mm a 10 mm. A coloração varia de branca a âmbar-amarela nas ninfas, e, de branca a castanho-escuro nos adultos. Possui um corpo convexo e suas tíbias são muito bem desenvolvidas e adaptadas com espinhos, para facilitar as escavações; em geral são encontrados no solo, muitas vezes entre as raízes das plantas. O acasalamento ocorre no solo a uma profundidade média de 1 m a 5 m e os ovos são depositados no sistema radicular das plantas hospedeiras, na camada de 0 cm a 20 cm. O período de incubação dos ovos dura em torno de 30 dias. A longevidade desses percevejos é, em média, de 156 dias. No Brasil, as principais espécies de percevejos-castanhos associadas à cultura da soja são: Scaptocoris castanea, S. carvalhoi e S. buckupi.

O percevejo-castanho é um inseto polífago de hábito subterrâneo. Suga continuamente a seiva nas raízes da soja e pode ser encontrado durante o ano todo em diferentes profundidades do solo. As ninfas e adultos podem ser encontrados nas camadas mais superficiais do solo em períodos chuvosos; no período da seca aprofundam-se no solo à procura de regiões mais úmidas, retornando à superfície durante as chuvas. A oviposição é realizada, preferencialmente, na época da seca. É um inseto que apresenta alta taxa de sobrevivência e longevidade, mesmo em ambientes hostis com baixa umidade e ausência de alimento. Os adultos realizam revoadas sempre nas épocas de chuva e preferencialmente na parte da tarde. Esta revoada está relacionada ao acasalamento e tem também como finalidade a dispersão para novas áreas. O percevejo-castanho predomina em solos arenosos, especialmente naqueles com pastagem degradada.

Os danos do percevejo-castanho na soja são decorrentes da sucção contínua da seiva nas raízes, o que pode levar ao enfraquecimento ou até mesmo a morte das plantas. O ataque severo causa o definhamento e morte da planta. Os sintomas de ataques variam com a intensidade e época e, muitas vezes são confundidos com deficiência nutricional ou doença da planta. A praga apresenta, normalmente, uma forte associação com o solo onde ocorre e pode destruir as raízes da soja ou, até mesmo, os nódulos de fixação biológica de nitrogênio; também afeta negativamente o estabelecimento do stand, o vigor e o desenvolvimento das plantas e, consequentemente, a produtividade da cultura. O ataque nas plantas pode causar, desde o murchamento e amarelecimento das folhas, a um subdesenvolvimento e secamento da planta; com isso pode acarretar perdas de até 100% da lavoura.

Ocorrência na planta

O ataque do percevejo-castanho nas plantas de soja é caracterizado pela sucção contínua da seiva das raízes e pela injeção de toxinas, que provocam um atraso acentuado no desenvolvimento da soja, reduzindo o porte da planta. As plantas de soja mais novas são mais suscetíveis ao ataque deste percevejo, em comparação às plantas mais desenvolvidas. Trabalhos desenvolvidos na Embrapa Agropecuária Oeste evidenciaram que o algodoeiro é a espécie mais suscetível à alimentação de S. castanea, seguido pela soja, milho, sorgo e arroz.

Distribuição geográfica

No Brasil, há registros da ocorrência de percevejo-castanho em várias regiões, embora os danos dessa praga tenham sido mais frequentes nos estados de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. Neste último estado, os focos de infestação do percevejo tem sido mais frequentes na região Norte, sendo a maior incidência observada no Município de São Gabriel do Oeste. Foram também constatadas severas infestações de percevejos-castanhos, especialmente em áreas com Sistema Plantio Direto, no Estado de Goiás, onde as revoadas dessa praga iniciam-se no período chuvoso, durante o mês de novembro e persistem até março, período em que há predominância de adultos no solo.

As práticas de controle do pervevejo-castanho são preventivas, por isso é necessário fazer o monitoramento desse grupo de pragas, antes mesmo da instalação da lavoura. É de fundamental importância a realização de amostragens no solo, para avaliar as espécies presentes, seu nível populacional, estádios e desenvolvimento predominante dos insetos.

Dentre as técnicas que podem ser utilizadas para o controle do percevejo-castanho, destacam-se: alteração da época de semeadura e a aplicação de inseticidas em pulverização no sulco de semeadura.

Inseticidas aplicados nas sementes não têm mostrado ser uma tática eficiente para o controle do percevejo-castanho. Porém, a pulverização no sulco de plantio com inseticidas químicos, especialmente quando o percevejo está localizado próximo da superfície do solo, pode proporcionar um bom controle da praga, dependendo do produto e da dose empregada.

O controle biológico do percevejo-castanho, empregando-se fungos entomopatogênicos pode ser, também, uma alternativa promissora. Quatro isolados de Metarhizium anisopliae foram identificados, proporcionando níveis de controle de S. carvalhoi superior a 80%, em condições de laboratório. Todavia, a eficiência desse fungo no controle do percevejo-castanho, em condições de campo, não foi avaliada.

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Como citar:

ÁVILA, C. J. Percevejos-castanhos (Scaptocoris spp.). In: ÁVILA, C. J. Pragas da soja: conheça e previna-se. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2017. Disponível em: <http://pragas.cpao.embrapa.br/>.