A lagarta-elasmo é considerada polífaga, ou seja, alimenta-se de diversas espécies de plantas cultivadas ou silvestres, em especial de gramíneas e leguminosas. O ovo inicialmente é claro, passando a uma coloração avermelhada, próximo à eclosão da lagarta. A lagarta nasce após um período de incubação de três dias, depois da oviposição. A lagarta é esverdeada com anéis e listras de coloração vermelho-escura e mede 16 mm. O adulto (mariposa) apresenta a cor cinza, sendo as fêmeas mais escuras que os machos, que tem asas com bordas escurecidas; as lagartas são esverdeadas ou amareladas, com listas e anéis vermelhos no corpo; quando desenvolvidas podem medir de 1 cm a 2 cm de comprimento.

O adulto, de hábito noturno, faz a postura nas plantas de soja, no solo ou em restos culturais presentes na área. Quando em repouso, fica com as asas rentes ao corpo e pode ser confundido com restos vegetais. Após a eclosão dos ovos, as larvas alimentam-se inicialmente, de matéria orgânica ou raspam o tecido vegetal para, em seguida, penetrarem no colo da planta, um pouco abaixo do nível do solo, onde constroem uma galeria ascendente. Próximo ao orifício de entrada na planta, as larvas tecem um casulo formado de excrementos, restos vegetais e partículas de terra, sintomas que caracterizam a presença da praga na área. Uma mesma lagarta pode atacar até três plantas de soja durante a sua fase larval.

A intensidade de danos da lagarta-elasmo na soja é maior e mais frequente em condições de alta temperatura e déficit hídrico no solo, especialmente, em solos arenosos ou mistos, conduzidos em plantio convencional e em áreas de primeiro cultivo. Com o ataque da lagarta, a soja murcha e posteriormente seca, em razão da obstrução do transporte de água e de nutrientes do solo, para a parte aérea da planta. Quando a planta de soja está mais desenvolvida e com o caule mais lignificado, a lagarta alimenta-se apenas da parte externa deste, deixando cicatrizes externas visíveis da injúria do inseto; nesta região, pode ocorrer a formação de um calo com tecido frágil, que pode se quebrar facilmente pela ação do vento. Em consequência do ataque a planta enfraquece, podendo ocorrer o tombamento e até a morte.

Ocorrência na planta

A fase da cultura mais suscetível ao ataque da praga é o período da emergência da planta, até 30 a 40 dias do desenvolvimento (até o estádio V2-V3), onde as plantas jovens são facilmente atacadas e também, apresentam menor capacidade de recuperação. Quando a soja está mais desenvolvida, o ataque ocorre na parte aérea e no caule da planta, deixando cicatrizes decorrentes da alimentação do inseto.

Distribuição geográfica

Esta praga ocorre com maior intensidade na região do Cerrado, notadamente em áreas com predominância de solos arenosos e áreas com períodos de estiagens. Em regiões de temperatura elevada e clima seco, como nos estados do Piauí e Maranhão, o inseto tem ocorrido em altos níveis populacionais. Nas áreas de semeadura direta, a incidência da lagarta-elasmo tem sido menor; porém, outros fatores como resteva de cultivos, especialmente de gramíneas, na área, podem favorecer o desenvolvimento do inseto.

Chuvas bem distribuídas, durante os primeiros 30 dias de desenvolvimento da cultura, praticamente eliminam a infestação do inseto nas lavouras de soja.  No Sistema Plantio Direto, que propicia melhor conservação de umidade do solo, essa praga tem ocorrido em menor intensidade, quando comparado ao plantio convencional. A irrigação também pode constituir-se em medida de controle do inseto, em lavouras instaladas sob pivô.

A pulverização de inseticidas na parte aérea da soja tem proporcionado baixa eficiência de controle da lagarta-elasmo (< 50%), em razão da posição em que a praga fica alojada na planta.

O tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos (ex. fipronil, imidacloprido + tiodicarbe e clorantraniliprole) pode ser utilizado em áreas que requerem ressemeadura ou naquelas em que, tradicionalmente, essa praga tenha sido problema.

HOFFMANN-CAMPO, C. B.; OLIVEIRA, L. J.; MOSCARDI, F.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; CORSO, I. C. Pragas que atacam plântulas, hastes e pecíolos da soja. In: HOFFMANN, C. B.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; MOSCARDI, F. (Ed.). Soja: manejo integrado de insetos e outros artrópodes-praga. Brasília, DF: Embrapa, 2012. p. 145-212.

Como citar:

ÁVILA, C. J. Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus). In: ÁVILA, C. J. Pragas da soja: conheça e previna-se. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2017. Disponível em: <http://pragas.cpao.embrapa.br/>.